Relações de poder e violências: um estudo sobre a Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina

Texto integralEsta investigação objetiva compreender e problematizar as violências que transversalizam as relações de poder em três Diretorias que compõem a estrutura organizacional da Secretaria de Estado da Educação de santa Catarina – SED, de 2007 a 2010. A delimitação do período justifica-se em razão de 2007 ser o ano em que houve a última reforma administrativa empreendida pelo governo Luiz Henrique da Silveira, e que está atualmente em vigor, e, 2010, o ano em que encerrou a gestão do Secretário Paulo Bauer. A fundamentação teórica é apoiada principalmente nas contribuições de Michel Foucault, Ana Maria Borges de Sousa e Michel de Certeau. As fontes que constituem a base empírica são questionários, entrevistas, documentos oficiais e documentos de circulação interna da Secretaria de Educação. No primeiro capítulo, foram analisados os interesses e consequências decorrentes da inexistência de um quadro de pessoal na SED, a confusão em torno do papel do educador que atua neste espaço e as violências presentes na política de gratificações. No segundo capítulo a reflexão debruçou-se sobre as práticas que ornamentam o assédio moral, os limites e contradições da gestão praticada na SED, as violências que forjam o distanciamento entre os sujeitos que pensam as ações e aqueles que as executam, as condições de trabalho e a problemática em torno da descontinuidade das ações. Em síntese, a pesquisa apresenta elementos sobre a temática das relações de poder e das violências, entendendo-as como fenômenos complexos, multifacetados, ambíguos e paradoxais, que não se pode explicar através da lógica maniqueísta, sendo praticadas e sofridas por aqueles que constituem a SED. Nesse sentido, as manifestações de violências coexistem com um processo de pequenas revoluções expressas nas formas de organizar o trabalho, na conquista de espaços, na busca e na exigência de autonomia, no prazer de estar junto e na construção do conhecimento realizado na coletividade. Palavras-chave: Secretaria de Estado da Educação. Relações de Poder. Violências. Santa Catarina

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Representações na mídia impressa sobre o assédio moral no trabalho

Texto integralAquele chefe que já fez você chorar no banheiro pode ser mais prejudicial à sua saúde do que parece. Assim a mídia escrita principia, no Brasil, a abordagem do tema assédio moral. No amplo cardápio de situações de violência relacionadas ao trabalho, a violência psicológica ganhou visibilidade e interesse de pesquisadores e estudiosos, dos sindicatos, dos trabalhadores e das empresas. Realizamos um estudo exploratório baseado na coleta de fontes primárias referentes ao assédio moral no trabalho, no qual foram estudadas as matérias jornalísticas sobre o tema, veiculadas em três jornais de grande circulação do Estado de São Paulo, no período de 1990 a 2008. A partir da metodologia de análise do discurso foram reconhecidas as práticas discursivas que configuram o fenômeno do assédio moral na sociedade atual, as explicações para sua ocorrência e a repercussão para a saúde dos trabalhadores. O surgimento do tema nos veículos de comunicação deu-se por meio da divulgação de livros, de produções acadêmicas e de legislações sobre o assédio moral. Ocorreu em editorias que tratam de assuntos gerais e, posteriormente, migrou para as editorias de emprego e/ou de caráter econômico-financeiro. O tratamento do tema ganha contornos de alerta relacionado às indenizações judiciais. A terminologia assédio moral tem se firmado relacionada ao trabalho e carece de conceito preciso. As explicações causais tendem a uma interpretação psicológica do fenômeno, acentuando o caráter individualista e privilegiando a relação pessoal, minimizando uma abordagem coletiva. Os discursos banalizam o assédio ao criar caricaturas para os envolvidos. O caráter psicologizante versus a estigmatização produz sentido na sociedade contribuindo para naturalizar o assédio moral no trabalho, compreendido como uma forma de violência no trabalho.

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O papel da cultura organizacional “Milícia de Bravos” na ocorrência do assédio moral: um estudo na Polícia Militar da Bahia

Texto integralO Assédio Moral é um fenômeno que se manifesta no mundo do trabalho contemporâneo, apesar de sempre ter existido no universo das relações ocupacionais. Concebe-se através de atos sistêmicos, nocivos e repetitivos que atingem a moral do trabalhador e que podem trazer conseqüências a sua saúde. Este estudo analisou a ocorrência do Assédio Moral na Polícia Militar do Estado da Bahia – PMBA, e de suas principais conseqüências na Corporação. De forma específica, buscou-se identificar os fatores organizacionais de propensão ao assédio e associá-los a produção do desgaste psico-emocional. Trata-se de uma pesquisa descritiva tipo estudo de casos. Foi realizada num contexto de trabalho funcional público militar e desenvolvida em duas etapas interligadas. Na primeira etapa, foi realizado o levantamento de dados mediante a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental, o que proporcionou o estudo teórico e a descrição da Cultura Organizacional da Corporação. Na segunda etapa, optou-se pela abordagem empírica mediante o estudo de cinco casos ilustrativos de Assédio Moral ocorridos na PMBA, que foram selecionados a partir de um universo de cinqüenta casos junto a Corregedoria, a Auditoria Militar, a Justiça Comum e a Junta Militar de Saúde. Como critérios para seleção dos casos ilustrativos, foram considerados a repercussão interna, a intensidade dos distúrbios psico-emocionais, a disponibilidade de informações e as possibilidades de acesso aos envolvidos. Assim, foram analisadas peças e demais documentos processuais, além de entrevistas com os envolvidos. Os resultados apontaram que a Cultura Organizacional da Polícia Militar da Bahia, denominada historicamente de “Milícia de Bravos”, reúne elementos que podem constituir uma propensão para o Assédio Moral, tais como o caráter militar e funcional público, as condições inadequadas de trabalho, o desgaste psicoemocional e a inexistência de regulação, o que promove conseqüências negativas à sua rotina ocupacional. Finalmente, em face dos resultados e limites desta investigação, sugere-se a continuidade dos estudos para a sua ampliação.

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O “des”cuidado em saúde: a violência visível e invisível no trabalho de enfermagem

Texto integralEste estudo teve como objetivo identificar as formas de violência presentes no cuidado institucionalizado à saúde, a partir das percepções e experiências de trabalhadoras de Enfermagem. Buscou, também discutir as questões éticas e educativas que envolvem a violência no processo de trabalho de Enfermagem. Tratou-se de uma pesquisa convergente assistencial, conforme proposta por Trentini e Paim (1999), desenvolvida com trabalhadoras de Enfermagem de diversas áreas de atuação e especialidades, que privilegiou as expressões das participantes levantadas através de aplicação de questionário e realização de oficinas educativas. A abordagem do tema fundamentou-se, inicialmente, em uma revisão bibliográfica das diferentes nuanças e classificações acerca da violência, identificando a carência de estudos sobre a violência no contexto do cotidiano do cuidado em saúde e do trabalho de enfermagem. Posteriormente, a análise dos dados permitiu um entendimento sobre os significados expressos pelas trabalhadoras estudadas quanto a violência na vida social e no seu cotidiano de trabalho, evidenciando o reconhecimento de duas faces do objeto: o trabalhador de Enfermagem enquanto agente de violência e, do outro lado, este mesmo trabalhador como receptor da violência. Também foi possível constatar as diversas formas sob as quais a violência se manifesta e é apreendida pelos sujeitos, assim como os limites e as questões éticas que envolvem a formação destes profissionais e a busca de soluções para o enfrentamento desta realidade. O estudo contribuiu para a ação-reflexão da profissão de Enfermagem visando um processo de trabalho/cuidado humanizado, ético, cidadão e, sobretudo, para repensar a Enfermagem e a vida.

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O assédio moral no Ceará: naturalização dos atos injustos no trabalho

Texto integral Este estudo investiga a prevalência do assédio moral e os principais atos negativos relacionados ao assédio a trabalhadores no Ceará. Examina também a relação entre os atos negativos experienciados e aspectos da cultura cearense.
O assédio moral consiste em situações em que um ou mais trabalhadores são submetidos, persistentemente, a condutas negativas, como humilhação, perseguição, discriminação e maus-tratos no trabalho, sem que possam se defender, constituindo-se em afronta à sua dignidade.
A pesquisa quanti-qualitativa foi conduzida entre trabalhadores no estado do Ceará. Os dados foram coletados pela aplicação de questionário em amostra de 218 trabalhadores que aguardavam atendimento na Delegacia Regional do Trabalho – DRT/Ce, e por meio de entrevistas semi-estruturadas com cinco trabalhadores.
No estudo, duas diferentes estratégias de medição do assédio moral foram usadas e comparadas. Dada a definição de assédio moral, 12,9% dos pesquisados auto-relataram serem vítimas em freqüência, no mínimo, semanal, nos últimos seis meses. Porém, utilizado o Questionário de Atos Negativos (NAQ), contendo uma lista de 22 atos negativos potenciais de assédio, 66,9% dos trabalhadores da amostra relataram a exposição a, pelo menos, um ato negativo semanalmente, nos últimos seis meses. Os pesquisados responderam com maior freqüência que foram alvos de gritos e agressividade, lembrados constantemente de erros e que se espalharam boatos a seu respeito. Indagados sobre outras condutas consideradas negativas no ambiente de trabalho citaram como mais comuns o não cumprimento de direitos trabalhistas, pressão para fazer hora-extra e liderança intimidadora e hostil.
As entrevistas semi-estruturadas revelaram que existe uma tendência à naturalização dos atos injustos no trabalho, com muitas condutas negativas percebidas como normais e comuns. Os resultados apontam para uma relação entre os atos negativos experienciados pelos trabalhadores e as influências do contexto histórico, social e cultural cearense no ambiente de trabalho.

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A deteriorização das relações de poder dentro do organismo empresarial: uma análise do assédio moral no contrato de trabalho

Texto integral O presente trabalho tem o objetivo de analisar os caminhos percorridos pelo poder dentro do organismo empresarial, partindo da racionalidade proposta pela contratualidade e enfatizando o estudo proposto na figura correspondente ao assédio moral. Para tanto, evolui sistematicamente por meio dos principais aspectos atinentes ao instrumento contratual oriundo do Direito Civil e do contrato de trabalho, dissecando este último para demonstrar o seu papel na legitimação histórica do estado de sujeição do empregado ao empregador. A partir disso, propõe-se discutir o poder dentro do locus empresarial, analisando os institutos da subordinação e do poder diretivo do empregador. Com isso, pretende-se desenvolver os elementos distintivos da figura correspondente ao assédio moral, apresentado-a como representação da deteriorização do poder legitimado pelo instrumento contratual trabalhista dentro do organismo empresarial, e que vai se caracterizar pela ofensa a dignidade humana, elemento precípuo para a busca da instrumentalização de seu conceito.
Palavras-chave: contrato de trabalho; poder de direção do empregador; subordinação; poder; assédio moral no ambiente de trabalho.

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O assédio moral na trajetória profissional de mulheres gerentes: evidências nas histórias de vida

Texto integral O contexto organizacional pautado na competividade e produtividade demanda modernas políticas de gestão e novo perfil do trabalhador, que, aliado ao desemprego e à exclusão social, favorece um ambiente de autoritarismo, submissão e disciplina, gerando nos trabalhadores estresse, instabilidade emocional, insegurança e desconfiança. A empresa dentro desse contexto pode fragilizar os indivíduos para atingir os próprios objetivos, sendo complacente com certos abusos de poder, constituindo em um ambiente ideal para o crescimento de formas de assédio moral, especialmente quando nas mãos de indivíduos perversos ou até mesmo em empresas inseridas em um sistema perverso. O assédio moral também está vinculado a atitudes de caráter pessoal do indivíduo com poder dentro da organização, cuja prática administrativa leva-o rotineiramente a perseguir indivíduos, usando até pretextos de incrementos de produtividade. Palavras-chave: Assédio moral. Relações de poder. Mulher gerente. Histórias de vida. Análise do discurso.

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