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Como poderiam os oprimidos…
Como poderiam os oprimidos dar início à violência, se eles são o resultado de uma violência?
Como poderiam ser os promotores de algo que, ao instaurar-se objetivamente, os constitui? Não haveria oprimidos, se não houvesse uma relação de violência que os conforma como violentados, numa situação subjetiva de opressão. Inauguram a violência os que oprimem, os que exploram, os que não se reconhecem nos outros; não os oprimidos, os explorados, os que não são reconhecidos pelos que os oprimem como outro. Inauguram o desamor, não os desamados, mas os que não amam, porque apenas se amam. Os que inauguram o temor não são os débeis, que a eles são submetidos, mas os violentos que, com seu poder, criam a situação concreta em que se geram os “demitidos da vida”, os esfarrapados do mundo.
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Do livro: Convite à leitura de Paulo Freire – 1989 |
Os ombros suportam o mundo
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Os ombros suportam o mundo
“Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração. Tempo em que não se diz mais: meu amor. Porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco. Em vão mulheres batem à porta, não abrirás. Ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus olhos resplandecem enormes. És todo certeza, já não sabes sofrer. E nada esperas de teus amigos. Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
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Carlos Drummond de Andrade |
Cidade das mulheres
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Cidade das mulheres
Cidade das mulheres.
Cidade das belezas… Tão bela esta mulher que nasce, cresce… Se aflora na busca das diversas formas de amar: Amar com gestos, Amar com palavras, Amar com atos, Amar na coragem, na valentia de se encontrar na grandeza de reproduzir vida, respeito e dignidade na cidade de braços e abraços tão abertos. Cidade que encanta por sua gente, por seus rios e praças, ah…bendita Redenção! com seus gritos de liberdade do sul para os nortes… de todas as raças, de todas as crenças. Cidade que planta igualdades, Cidade que canta conquistas, Cidade dos caminhos abertos, Cidade das mulheres… Cidade de Portos tão alegres Cidade que faz renascer A vontade de continuar … a luta! Bendita seja, a cidade de todas as Mulheres
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Lucia Reali Lemos |
Brasil: que fazer?
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Brasil: que fazer?
Você que mora no alheio,
que anda de lotação, que trabalha o dia inteiro pra enriquecer o patrão -que ainda espera desse mundo de injustiça e exploração? Você que paga aluguel, -que pode esperar da vida que deveria ser sua? Quem não tem outra saída: Pro patrão você trabalha Você gasta a sua vida Só então você percebe Você passou a seu filho -luta que fará o mundo Por isso meu companheiro, Te aponto o caminho novo E cada homem da rua Que o passarinho que canta O mundo ganhou sentido, -nem polícia nem bloqueio Que ela assobia no vento
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Publicado na Revista dos Sem Terra; edição especial – setembro de 2003 |