Quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

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GE-Dako é acusada de coagir e assediar parentes de seus funcionários

Campinas, SP

A indústria de fogões GE-Dako, instalada em Campinas, está sendo acusada de cometer coação e assédio moral contra os parentes de seus 1,6 mil funcionários. A Procuradoria Regional do Trabalho de Campinas entrou na Justiça com uma ação civil pública em que pede indenização coletiva e individual para cada família, por danos morais.

No início deste mês, os funcionários fizeram uma greve de seis dias. Nesse período, a empresa enviou telegramas às mulheres, mães e filhos dos funcionários com ameaças de retaliações e demissão. Foram quatro telegramas por família, informou a assessoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região.

No texto do telegrama, a empresa alertou que a greve traria conseqüências como o “comprometimento do orçamento familiar” e “colocação do emprego em risco”. Sugeria uma “conversa franca em casa” para que os parentes convencessem os trabalhadores a retornarem aos seus postos.

“Isso é assédio, coação. Extrapola a legislação do trabalho e entra na esfera do respeito à cidadania dos trabalhadores e de seus familiares”, afirmou a subdelegada do Trabalho em Campinas, Cleciene Rodrigues.

Segundo a assessoria do sindicato, várias mulheres procuraram a entidade chorando em busca de informações e houve o caso de uma mulher que saiu de casa com os filhos depois de receber os telegramas, mas acabou voltando, convencida pelo marido. “Levei um susto”, conta Flávia Crispim, mulher de André Crispim, outra ameaçada. “Foi golpe baixo”, afirma o marido.

A greve foi encerrada no dia 8 deste mês, porém 59 empregados foram suspensos por terem cometido “faltas graves”, conforme a empresa. A grande maioria dos suspensos, informou a assessoria do sindicato, pertence à Cipa ou é vítima de acidente de trabalho, e todos foram ameaçados de demissão por justa causa. Ainda conforme a assessoria, nenhum dos grevistas cometeu “falta grave”.

A assessoria de imprensa da Dako informou que a suspensão é garantida pela Constituição, e foi aplicada nos funcionários que insistiram em fazer greve no interior da empresa. A assessoria acrescentou que a diretoria da indústria não irá comentar sobre os telegramas e sobre a ameaça de demissão por justa causa.

A Dako foi comprada pela GE há seis anos.

Silvana Guaiume

Fonte: Agência Estado/Economia
Quarta-feira, 24 de julho de 2002 – 18h53
www.estadao.com.br/agestado/noticias/2002/jul/24/263.htm

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