Claras
Clara, santa se fez,
Francisco, o par, Cada um por vez, Jeito puro de amar. Corpos não partilhados, Dele, Clara não é, Abraçados pelo olhar, Longa jornada virá. Operando pela paz, Sempre seu, Santa Clara, Lágrimas de chorar, Janelas da alma roladas,
|
||
(Crion Nato 6606) |
Ciclo
Ciclo
Era o chão,
Fez-se o leito Do rio que não Pode ser feito Cavado de mão. Está perfeito. Terra, desnível, Correu na queda, Água, subida. Peso vai parir, Na queda o show. Queda com classe! Se apraz o lugar,
Segue, vai maior,
Costura o país. Trabalho e suor! Mar salgado o diz. Estrada, vida, Opostos. Lados: Transpirou ao ar, O tempo marcou: Navegar, beber, Se disto esquecer, Escorre e escoa. Rio corre assim:
|
||
Crion Nato 27108 ) |
Comida
Comida
“Bebida é água
Comida é pasto Você tem sede de que? Você tem fome de que? A gente não quer só comida, Bebida é água A gente não quer só comer,
|
||
Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Brito |
O que é, o que é?
O que é, o que é?
E a vida?
e a vida o que é diga lá, meu irmão? ela é batida de um coração? ela é uma doce ilusão? mas e a vida? ela é maravilha ou é sofrimento? ela é alegria ou lamento? o que é, o que é, meu irmão? Há quem fale que a vida da gente Há quem fale que é um divino você diz que é luta e prazer Eu só sei que confio na moça Sempre desejada E a pergunta roda Viver, e não ter a vergonha de ser feliz |
||
Gonzaguinha |
190
190
o sentido da vida
é que a gente sente por um filho por um trabalho por um amor pena que isso não baste |
||
Marta Medeiros |
Como poderiam os oprimidos…
Como poderiam os oprimidos…
Como poderiam os oprimidos dar início à violência, se eles são o resultado de uma violência?
Como poderiam ser os promotores de algo que, ao instaurar-se objetivamente, os constitui? Não haveria oprimidos, se não houvesse uma relação de violência que os conforma como violentados, numa situação subjetiva de opressão. Inauguram a violência os que oprimem, os que exploram, os que não se reconhecem nos outros; não os oprimidos, os explorados, os que não são reconhecidos pelos que os oprimem como outro. Inauguram o desamor, não os desamados, mas os que não amam, porque apenas se amam. Os que inauguram o temor não são os débeis, que a eles são submetidos, mas os violentos que, com seu poder, criam a situação concreta em que se geram os “demitidos da vida”, os esfarrapados do mundo.
|
||
Do livro: Convite à leitura de Paulo Freire – 1989 |
Os ombros suportam o mundo
Os ombros suportam o mundo
“Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração. Tempo em que não se diz mais: meu amor. Porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco. Em vão mulheres batem à porta, não abrirás. Ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus olhos resplandecem enormes. És todo certeza, já não sabes sofrer. E nada esperas de teus amigos. Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
|
||
Carlos Drummond de Andrade |
Cidade das mulheres
Cidade das mulheres
Cidade das mulheres.
Cidade das belezas… Tão bela esta mulher que nasce, cresce… Se aflora na busca das diversas formas de amar: Amar com gestos, Amar com palavras, Amar com atos, Amar na coragem, na valentia de se encontrar na grandeza de reproduzir vida, respeito e dignidade na cidade de braços e abraços tão abertos. Cidade que encanta por sua gente, por seus rios e praças, ah…bendita Redenção! com seus gritos de liberdade do sul para os nortes… de todas as raças, de todas as crenças. Cidade que planta igualdades, Cidade que canta conquistas, Cidade dos caminhos abertos, Cidade das mulheres… Cidade de Portos tão alegres Cidade que faz renascer A vontade de continuar … a luta! Bendita seja, a cidade de todas as Mulheres
|
||
Lucia Reali Lemos |
Violência: pare e pense!
Violência: pare e pense!
Quando demitiram os negros,
eu não era negro e não fiz nada. Quando demitiram os adoecidos e acidentados do trabalho eu não era adoecido do trabalho e porque iria defende-los? Quando demitiram as mulheres, Quando demitiram os mais velhos, Quando vieram contra meus colegas de trabalho, o assunto não me dizia respeito e nada fiz. Calado fiquei. Finalmente, quando vieram contra mim… Aquele que nunca sofreu qualquer tipo de violência Alguns até acham que a violência moral, as discriminações e o racismo não existem! E assim seguimos e fazemos todos os dias: Não dando atenção à dor do outro nos condenamos a sofrer em silêncio a nossa própria dor. tão normal quanto sofrido e solitário. E as injustiças são banalizadas. Quem sabe, aquelas frases ditas anteriormente poderiam ser reescritas assim? Quando vieram contra os negros, eu não era adoecido e fiquei em silencio. calado, também eu era contra os desempregados. Quando vieram contra os analfabetos, os favelados, os sem teto e os sem terra, não fiz nada e, em silencio, também eu era contra os favelados, os sem teto e sem terra. Quando vieram contra mim, ninguém me defendeu, usaram o silêncio e a indiferença para apoiar meus inimigos. Talvez uma lição a ser aprendida: Então, reflitam: de onde vem esse medo de ser diferente? Por que nos identificamos e até acreditamos nas tagarelices televisivas? Por que tanto medo? (Inspirado no filme: “Olhos azuis” de Jane Elliott) |
||
M. Barreto |
Epitáfio
Epitáfio
Devia ter amado mais
Ter chorado mais Ter visto o sol nascer Devia ter arriscado mais E até errado mais Ter feito o que eu queria fazer Queria ter aceitado as pessoas como elas são Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração O acaso vai me proteger Enquanto eu andar distraído O acaso vai me proteger Enquanto eu andar… Devia ter complicado menos Trabalhado menos Ter visto o sol se pôr Devia ter me importado menos Com problemas pequenos Ter morrido de amor Queria ter aceitado a vida como ela é A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier O acaso vai me proteger Enquanto eu andar distraído O acaso vai me proteger Enquanto eu andar… Devia ter complicado menos Trabalhado menos
|
||
Titãs |