Palestras apresentadas em três dias de encontro dão subsídio para julgamento nos processos judiciais envolvendo pedidos de indenizações por acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e dano moral
Termina nesta sexta-feira o encontro Ergonomia, Saúde Mental e Relações de Trabalho, que desde quarta-feira reúne magistrados e médicos no TRT-PR para discutir os efeitos do meio ambiente do trabalho na saúde do trabalhador. O encontro faz parte do II Projeto Científico organizado pela Escola Judicial do TRT-PR e Escola da Associação dos Magistrados do Trabalho do Paraná (Ematra-IX). As duas últimas palestras a serem realizadas nesta sexta-feira são Ergonomia da atividade: compreendendo o trabalho para transformá-lo, com a médica Ada Ávila Assunção, e A psicodinâmica do trabalho e a saúde mental, com o médico Laerte Idal Sznelwar.
De acordo com o coordenador da Escola Judicial do TRT-PR, juiz Reginaldo Melhado, o encontro cumpriu seu objetivo, trazendo para os magistrados uma visão ampla sobre o tema. Passamos a ter uma visão nova sobre os efeitos das doenças na saúde do trabalhador, principalmente as relacionadas aos transtornos mentais e ergonomia. Com essa formação, com certeza estaremos mais próximos de alcançar o ideário de justiça, enfatizou o magistrado.
Eficiência – A necessidade de uma perícia mais completa para corresponder à realidade dos fatos foi o foco da palestra do médico Paulo Antônio Barros Oliveira, na tarde de ontem. Para uma perícia avaliar corretamente as condições de trabalho em uma determinada empresa, é necessário atentar para vários pontos, como as funções da empresa, as tarefas prescritas e as tarefas realmente realizadas pelo trabalhador. Não se pode tomar uma decisão correta baseada numa avaliação pericial de apenas uma hora, é muito superficial, comentou o médico.
A palestra com o tema Ergonomia, prevenção de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho tratou também da importância de se obter a confiança do trabalhador para conseguir informações mais precisas sobre suas verdadeiras funções e problemas no ambiente de trabalho, assim como observar a carga horária da função, que, se inadequada, também pode causar problemas ergonômicos. São inúmeros fatores que podem acarretar um problema relacionado ao trabalho, como a síndrome LER/DORT (lesão do esforço repetitivo/ doença osteomolecular relacionada ao trabalho), apontou o palestrante, que também citou a repetitividade, força excessiva e postura incorreta como causas possíveis da síndrome.
A pressão feita ao trabalhador para que cumpra suas metas e a cobrança excessiva também podem trazer doenças que não são visíveis com apenas uma visita ao local a ser avaliado, comentou o médico, que defende a ideia de várias vistorias em diferentes dias para que possa ser documentado também o possível stress do dia-a-dia a que estão submetidos os trabalhadores. São detalhes que fazem a diferença na hora de julgar um processo trabalhista relacionado às condições de saúde do trabalhador, como entender o processo diário do cargo ocupado, completou.
(Bruno Manenti)
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