O “des”cuidado em saúde: a violência visível e invisível no trabalho de enfermagem
Texto integralEste estudo teve como objetivo identificar as formas de violência presentes no cuidado institucionalizado à saúde, a partir das percepções e experiências de trabalhadoras de Enfermagem. Buscou, também discutir as questões éticas e educativas que envolvem a violência no processo de trabalho de Enfermagem. Tratou-se de uma pesquisa convergente assistencial, conforme proposta por Trentini e Paim (1999), desenvolvida com trabalhadoras de Enfermagem de diversas áreas de atuação e especialidades, que privilegiou as expressões das participantes levantadas através de aplicação de questionário e realização de oficinas educativas.
A abordagem do tema fundamentou-se, inicialmente, em uma revisão bibliográfica das diferentes nuanças e classificações acerca da violência, identificando a carência de estudos sobre a violência no contexto do cotidiano do cuidado em saúde e do trabalho de enfermagem. Posteriormente, a análise dos dados permitiu um entendimento sobre
os significados expressos pelas trabalhadoras estudadas quanto a violência na vida social e no seu cotidiano de trabalho, evidenciando o reconhecimento de duas faces do objeto: o trabalhador de Enfermagem enquanto agente de violência e, do outro lado, este mesmo
trabalhador como receptor da violência. Também foi possível constatar as diversas formas sob as quais a violência se manifesta e é apreendida pelos sujeitos, assim como os limites e as questões éticas que envolvem a formação destes profissionais e a busca de soluções para o
enfrentamento desta realidade.
O estudo contribuiu para a ação-reflexão da profissão de Enfermagem visando um processo de trabalho/cuidado humanizado, ético, cidadão e, sobretudo, para repensar a Enfermagem e a vida.