Ciclo
Era o chão,
Fez-se o leito Do rio que não Pode ser feito Cavado de mão. Está perfeito. Terra, desnível, Correu na queda, Água, subida. Peso vai parir, Na queda o show. Queda com classe! Se apraz o lugar,
Segue, vai maior,
Costura o país. Trabalho e suor! Mar salgado o diz. Estrada, vida, Opostos. Lados: Transpirou ao ar, O tempo marcou: Navegar, beber, Se disto esquecer, Escorre e escoa. Rio corre assim:
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Crion Nato 27108 ) |
Violência: pare e pense!
Violência: pare e pense!
Quando demitiram os negros,
eu não era negro e não fiz nada. Quando demitiram os adoecidos e acidentados do trabalho eu não era adoecido do trabalho e porque iria defende-los? Quando demitiram as mulheres, Quando demitiram os mais velhos, Quando vieram contra meus colegas de trabalho, o assunto não me dizia respeito e nada fiz. Calado fiquei. Finalmente, quando vieram contra mim… Aquele que nunca sofreu qualquer tipo de violência Alguns até acham que a violência moral, as discriminações e o racismo não existem! E assim seguimos e fazemos todos os dias: Não dando atenção à dor do outro nos condenamos a sofrer em silêncio a nossa própria dor. tão normal quanto sofrido e solitário. E as injustiças são banalizadas. Quem sabe, aquelas frases ditas anteriormente poderiam ser reescritas assim? Quando vieram contra os negros, eu não era adoecido e fiquei em silencio. calado, também eu era contra os desempregados. Quando vieram contra os analfabetos, os favelados, os sem teto e os sem terra, não fiz nada e, em silencio, também eu era contra os favelados, os sem teto e sem terra. Quando vieram contra mim, ninguém me defendeu, usaram o silêncio e a indiferença para apoiar meus inimigos. Talvez uma lição a ser aprendida: Então, reflitam: de onde vem esse medo de ser diferente? Por que nos identificamos e até acreditamos nas tagarelices televisivas? Por que tanto medo? (Inspirado no filme: “Olhos azuis” de Jane Elliott) |
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M. Barreto |
Poema Obsceno
Poema Obsceno
“Façam a festa
Cantem. Dancem que eu faço o poema duro. O poema murro Não se detenham: Bethania, Martinho, Estação Primeira. Mangueira. Salgueiro Todos, enquanto eu soco este pilão que não toca no rádio Não se prestará a análises estruturalistas. OBSCENO como o salário de um trabalhador aposentado. O poema O amor que era pra você |
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Ferreira Gullar |
Soltos, com pó!
Soltos, como pó!
Como operário eu era gente, era alguém.
Não vivia ao vento Já não era só eu, estava feliz. Tinha raízes, não era pó. Estava na fabrica, de macacão, crachá e com esperanças no peito. Mas a crise… a reestruturação… os setores que fecharam, No recomeçar da empresa, nossos sonhos incompreendidos. No silencio competitivo, somos humilhados, desqualificados. Meu peito, de tanto sofrimento é um laço, um nó.
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Julio Tavares |
O Tempo Cura
O TEMPO CURA
O tempo a tudo cura.
Essa frase tão ouvida, Quando algo nos machuca, Fica tão perdida, Fica tão vazia. Nem sempre o tempo cura, Mas o tempo muito ajuda, É dar tempo ao tempo,
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Cleide Yamamoto |